30.6.13

Bandas Sonoras (7)

La Vita è Bella (1997), Roberto Benigni


Comovente, animado e impactante, são alguns dos adjectivos que se pode adornar este trecho da banda sonora de La Vita è Bella, a cargo de Nicola Piovani. A mesma que alterna entre momentos novelescos, aventurosos e alegres, numa primeira fase, com outros diametralmente emocionantes e dramáticos, na segunda e última fase da narrativa. Não é surpresa, por isso, que seja muito bem composta e requintada ao longo de todo o filme. Entre tanto por onde explorar e analisar neste triângulo entre música, argumento e filmagem, fica por agora e acima de tudo esta faixa, que tanto vale a pena ouvir, sobretudo na companhia ou na composição desta com o respectivo filme ou, mais especificamente se nos remetermos ao seu início, com a cena final.

28.6.13

CCOP: Entrada



É com muito orgulho que anuncio a entrada do Caminho Largo, em meu nome, para o ilustre Círculo de Críticos Online Portugueses, grupo seleccionado de críticos de cinema criado em Fevereiro de 2012 por Tiago Ramos, o seu fundador, cuja acção se centra essencialmente na produção de tops mensais baseados na classificação dos filmes estreados mensalmente nas salas de cinema portuguesas, mas também ocasionalmente na elaboração de tops de temáticas especiais e de um prémio anual dedicado aos melhores filmes do ano. Mais informações aqui.

Regularmente, e a partir de agora, teremos então aqui a referência e a partilha dos diversos tops, bem como outras informações pertinentes do abreviado, decorem, CCOP.

27.6.13

Manual de Regras (6)

A ocasião faz o ladrão.

Ladri di Biciclette (1948)
Ladrões de Bicicletas, Vittorio De Sica

20.6.13

5 Grandes Filmes de Terror (5)


Night of the Living Dead (1968)
A Noite dos Mortos-Vivos, George A. Romero

Dawn of the Dead (1978)
Zombie, a Maldição dos Mortos-Vivos, George A. Romero

28 Days Later... (2002)
28 Dias Depois, Danny Boyle

Shaun of the Dead (2004)
Zombie Party - Uma Noite... de Morte, Edgar Wright

Zombieland (2009)
Bem-vindo à Zombieland, Ruben Fleischer

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira

17.6.13

Citações (10)

Superman (1978), Richard Donner


Jor-ElSo, my son. Speak.
Clark KentWho am I?
Jor-ElYour name is Kal-El. You are the only survivor of the planet Krypton. Even though you've been raised as a human, you are not one of them. You have great powers, only some of which you have as yet discovered.

14.6.13

The Great Gatsby (2013)

O Grande Gatsby, Baz Luhrmann


A adaptação da obra de Fitzgerald por parte de Baz Luhrmann revela-se à priori uma boa aposta, sobretudo no presumível encaixe da excêntrica e sobrecarregada narrativa ao estilo e ao espírito do realizador. O resultado prático, no entanto, não é o melhor, ou aquilo que na verdade se poderia desejar, mas também não é irrelevante, longe disso. Fica-se, acima de tudo, com um filme que incide e insiste na sua componente formal, esvaziando e se distraindo em demasia do texto, e na extravagância dos seus cenários, esteticamente arrojados e adornados aos anos vinte, o que por si só já acarreta, nos dias que correm, algum, para não dizer muito, valor.

Iniciando a história de forma fulgurante, alucinante até, o argumento não perde tempo e fornece-nos desde logo personagens, contextos, analepses, detalhes, segredos, animações, entre tanto mais por onde apreender, tamanha é a velocidade ou a montagem nestes primeiros minutos. Velocidade talvez a mais, convém referir e passe a criatividade nos gestos, naquilo que poderia ter sido mais equilibrado ou mais intermitente, com acelerações e monotonias alternadas, essas sim, a ditarem o ritmo e a tónica pretendidas. Facto, diria, abrangente em toda a longa-metragem e que exemplifica perfeitamente as qualidades e as debilidades simultâneas neste tipo de abordagens, em que a megalomania visual (e virtual) e a cadência imparável ultrapassam o próprio conteúdo e aquilo que se pretende, ao fim e ao cabo, transmitir ou codificar.

Todo este exagero cromático, sonoro e teatral conserva aqui, ainda assim, uma certa substância e um estilo singular que nunca são de descurar, no caso até pela forma de veicular uma história com décadas sob a batuta da modernidade (senão veja-se a banda sonora totalmente actual e desconexa da realidade do princípio do século passado, altura esta em que o enredo se desenrola). É, no fundo, Luhrmann a cem por cento ou fiel aos seus traços de irreverente, de pomposo e de excêntrico (Moulin Rouge! e Romeo + Juliet  assim o confirmam), pelo que não admira que seja na realização onde a adaptação, a espaços, melhor se comporta, tanto no movimento como no enquadramento. O filme tem mesmo excelentes momentos, quase sempre presentes nas expressivas festas, aqui e ali pontuados na imensidão (e confusão) dos ambientes trabalhados e orquestrados ao mais ínfimo pormenor.

Por outro lado e à boleia de duas grandes interpretações a cargo de Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan (sobretudo o enigmático e acutilante Gatsby), o argumento lá se vai construindo e se desconstruindo no meio de espectáculos e sensações, sempre narrado pela personagem de Tobey Maguire (que não está ao nível dos restantes protagonistas), até ao ponto de se sentir um certo arrastamento ou esgotamento narrativo, irregularmente equilibrado numa balança que às tantas não sabe para onde se virar - entre o romance e a (auto)biografia, atravessando no caminho o drama e o distanciamento histórico. Numa espécie de repetição de acontecimentos e de fases antes alcançadas, o espectador pode vir a sentir-se algo cansado e indiferente perante o que lhe é mostrado ou perante o que ressonantemente lhe é incutido e sugerido.


The Great Gatsby no fim, e após todo o espalhafato, acaba por resultar em algo interessante, bom inclusive. Muitos dirão que se trata de um filme artificialmente concebido e narrativamente deficiente, mas o que importa é que está (em parte) em sintonia com o seu cineasta e as suas marcas autorais, para o bem e para o mal, o que lhe oferece identidade e diferenciabilidade acima de tudo o resto, e isso não é dizer muito ou pouco, é dizer tudo. Dos excessos ao efeito teatral, a experiência revela-se, no mínimo, atraente e, no máximo, pautada por uma adrenalina e por uma elegância, para muitos, altamente viciantes.


Jorge Teixeira
classificação: 7/10

13.6.13

Manual de Regras (5)

A vingança é um prato que se serve frio.

Kill Bill (2003-2004)
Kill Bill - A Vingança, Quentin Tarantino

8.6.13

À Pergunta da Resposta (3)

Pergunta:
Um filme que nos retrate a determinação, a força e a eternidade do amor?

Resposta:
(na resposta à questão está uma palavra a reter)

(na resposta à questão estão três palavras a reter)

(na resposta à questão está uma palavra a reter)

Pergunta:
Um filme que nos retrate a determinação, a força e a eternidade do amor?

Resposta:
A resposta está nas pistas ou no que elas sugerem.
Adivinha qual o filme?
(soluções posteriormente nos comentários)

(os textos e as publicações envolvidas nas pistas são de consulta e leitura obrigatória)

7.6.13

Cenas (5)

2001: A Space Odyssey (1968), Stanley Kubrick


Cena poderosa, visceral, triunfante, visionária. É tudo aquilo que quisermos, porque na verdade ela própria se transcende e se imortaliza como peça rara e imprescindível para a história do cinema. Conhecimento e evolução se misturam aqui para dar lugar a uma mística, a uma ideia de profundidade e de significação da vida, do Homem, ou do que a arte nos pode fornecer. No fim, nem conseguimos percepcionar correctamente o que assistimos e damos por nós a contemplar uma viagem de milhares de anos. Fica tão somente para a posteridade uma cena que a bem dizer não se deve compreender, mas sim interiorizar ou simplesmente receber.

4.6.13

Joana d’Arc por Maria Falconetti

La passion de Jeanne d'Arc (1928), Carl Theodor Dreyer


História sobejamente conhecida, e de forte cariz revolucionário, que assume neste filme provavelmente o seu auge de excelência. Numa época em que o Cinema ainda existia sem palavras, Carl Theodor Dreyer aborda o material simbolicamente e de uma forma não apenas, e inevitavelmente, dramática, mas também, e sobretudo, de um modo estilizado e único, ou caracterizado e desafiante o suficiente para, ainda hoje, ser considerado uma das obras mais influentes da Sétima Arte.

O filme pode ser dividido em três partes: o julgamento, a prisão e o acto final. Todas elas envolvidas e dominadas pela protagonista (a essência e o tal simbolismo) - a mulher por detrás do sucesso e da obra-prima: Joana d’Arc, interpretada por Maria Falconetti.

Na verdade, se o filme por si só é genial, muito é devido à sua heroína, logo indissociável da prestação da actriz. O rosto retratado da mesma, em extremos close-ups, é a imagem de marca da obra, para efeitos práticos ou teóricos, se nos remetermos ao subconsciente. E é nessa componente invisível e simbólica que a força da sua interpretação se destaca, e a sua presença se revela em todo o seu esplendor. O próprio Dreyer referia que havia algo no rosto de Falconetti que o hipnotizava. “Havia uma alma atrás daquela fachada”, dizia. E de facto, ela passa tudo o que precisamos saber, e sentir, apenas com a sua expressão, sendo o filme uma autêntica sinfonia (porque a música também é ela presença assídua) de emoções e de expressões. A sua performance consegue ir de um extremo ao outro. Transmite com igual eficácia a tristeza e a dor quanto a alegria e o conforto interior de uma mulher condenada à morte, mas às tantas resignada e convicta do seu papel. No fim, atinge uma expressão quase angelical, o que é extraordinariamente belo e comovente.

Sem maquilhagem (aliás, o realizador expandiu essa opção para todo o elenco), a actriz explora todos os músculos e todas as nuances do seu rosto, ficando-se quase só por aí, dado a solução arquitectada por Dreyer no filme, em que os close-ups desconcertantes e as aproximações (com forte sentido metafórico e de pormenor) cimentam um estilo e a estrutura-base de toda a filmagem. Falconetti restringe-se, assim, às expressões faciais, tão ou mais exigentes que as restantes, e a câmara como que não larga a protagonista, quase sufocando o espectador, que não tem solução senão sujeitar-se ao talento (e ao sofrimento) constante e ininterrupto da encenação de uma personagem entregue às mãos do destino (e de uma decisão meramente formal e premeditada). É, no mínimo, impressionante a transmissão e os sentimentos que passa Maria Falconetti.

A actriz, que não mais participou em filme algum, entregou-se totalmente ao papel, numa actuação de uma vida, literalmente. Experiência fortemente emocional, que somada ao formalismo e ao rigor da filmagem de Dreyer, devem ter tido repercussões na própria, que renunciou para sempre a uma carreira tão promissora. Fica-nos, apesar de tudo e por isso, uma iluminada e transcendental interpretação de uma personagem historicamente relevante, e de uma mulher a todos os níveis poderosa. Das mais sonantes interpretações femininas na história do Cinema.

Texto originalmente publicado na iniciativa 'Um Filme, uma Mulher' do blogue Girl on Film

1.6.13

1 Tema, 3 Filmes (7)

A Infância

Aniki Bóbó (1942)
Manoel de Oliveira

Los Olvidados (1950)
Luis Buñuel

Children of Heaven (Bacheha-Ye aseman) (1997)
Majid Majidi

por Jorge Teixeira e Pedro Teixeira