17.3.14

2ª Edição: 1 Tema, 3 Coordenadas, 1 Posição (29)

As escolhas de:
João Pinto, autor no site Portal Cinema

Os 3 filmes que melhor transmitem a Coragem:
Philadelphia (1993)
Filadélfia, Jonathan Demme

Le Scaphandre et le Papillon (2007)
O Escafandro e a Borboleta, Julian Schnabel

Camino (2008)
Javier Fesser

O realizador que melhor exprime a Coragem:
Lars von Trier
"More than anything, there are more images in evil. Evil is based far more on the visual, whereas good has no good images at all."

As escolhas de:
Axel Ferreira, autor do blogue Por Natureza Morta

Os 3 filmes que melhor revelam a Coragem:
Donnie Darko (2001)
Richard Kelly

Nobody Knows (Dare mo shiranai) (2004)
Ninguém Sabe, Hirokazu Koreeda

Amour (2012)
Amor, Michael Haneke

O realizador que melhor filma a Coragem:
Takeshi Kitano
"My film directorial career has been nothing but repetition of one failure after another!"

Obrigado, João e Axel, pelas participações.
Concorda / Identifica-se com estas Posições?

4 comentários:

  1. Identifico-me pouco com estas escolhas, contudo alguns dos filmes estão na minha to see list :D

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  2. Começo por dizer que tive uma dificuldade enorme em fazer esta lista, porque com o máximo de sinceridade possível eu não sei o que é coragem. Não sei, não entendo, não compreendo. Todas as ações que nós realizamos são derivadas de um conjunto de variáveis, e a nossa decisão é baseada naquilo que achamos melhor ou mais confortável.
    O nosso desejo mais básico, e por isso é que a escravatura funcionou durante muitos anos, é o de sobreviver. Sendo assim, um suicídio é algo de extremamente paradoxal. Não compreendo a ideia de ser uma atitude cobarde, primeiro porque também não sei o que é cobardia e em segundo porque, imaginando entender, para mim é um ato impossível. Se o suicídio nos leva há morte e extinção será por definição uma doença mental, ou a consequência de uma. Mas hoje em dia somos muito tolerantes com a doença mental, foi o que nos levou até onde estamos hoje.
    Se a coragem é uma forma de estar que nos leva a fazer algo que achamos impossível, de não nos submetermos a algo que não queremos, estes homens são os mais corajosos. Se a coragem for algo altruísta, por natureza será, também, um dos atos mais cobardes que pode existir. Nestes termos sobreviver a todo o custo será o ato de maior coragem. Julguem por vocês, de qualquer das maneiras a coragem andará metida aí pelo meio quase de certeza.
    Donnie Darko está aqui selecionado porque é uma súmula quase perfeita do meu maior medo de infância, não o de me extinguir no tempo e no espaço, mas o de continuar a existir no meio do nada (o meu cenário era um pouco mais terrível, com privação sensorial à mistura). Ele opta pelo suicídio, que neste cenário é um ato altruísta tomado por razões perfeitamente egoístas. Coragem ou cobardia, prefiro o nevoeiro por onde passeiam.
    Amour é uma história difícil em termos emocionais. Temos a sensação que o ser humano que estava naquele corpo se extinguiu. De uma perspetiva romântica podemos pensar que acabar com o sofrimento de alguém pode ser um ato de amor, o problema é que esse alguém já não estava lá. Portanto ficamos com duas opções, ou o ato cometido é de raiva contra um corpo que expulsou alguém, ou então tem um objetivo, o de tornar o final da sua existência mais agradável e não ter de tratar de um corpo doente todos os dias que mais não faz do que lhe causar sofrimento. No final ele também desaparece, talvez também tenha optado pela morte, de qualquer maneira continuamos sempre no nevoeiro.
    Takeshi Kitano interpreta quase sempre uma personagem que morre no fim dos seus filmes, por vezes até por suicídio. Temos sempre a sensação de que os atos das suas personagens não dependem da melhor situação para si, mas daquilo que elas pensam que deve ser o seu código de conduta. É fascinante sem dúvida conseguir perceber algo nos seus filmes que transcende o interesse pessoal. É poética a maneira como ele retira a poesia dos seus filmes. De qualquer modo, se de coragem falamos, e de atos só pode ser feita a coragem, esta maneira de os decidir ultrapassa a coragem, é ilógica e suicida quase só pela beleza de o ser. Entre coragem e idiotice cobarde acabamos sempre por olhar para donde virá El-Rei D. Sebastião.
    Nowbody Knows é como se fosse a última esperança. Crianças abandonadas que sobrevivem apesar de tudo. O filme tem muito mais que isso, são camadas de sensações onde se reconhece a cada momento o ser humano. Mas no fim de contas sobreviver terá alguma coisa a ver com coragem? Ninguém sabe.

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  3. Eu entendo as tuas escolhas. Vi os três filmes e assustei-me. Assustei-me porque os medos da infância são os mais difíceis de superar. São muito irracionais. A coragem para os afastarmos ou a cobardia de os ignorarmos determina um pouco aquilo que viremos a ser. Da coragem da terceira idade não quero falar, porque já passei o meio século. Mas, a coragem de viver até às últimas consequências por princípios, não é cobardia, nem altruísmo, é uma tentativa de legar aos vindouros uma sociedade um pouco melhor. Será? Quero acreditar que sim. Tudo são palavras...

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  4. FREDERICO DANIEL, São duas listas ligeiramente discordantes das até aqui publicadas, ou, pelo menos, pessoais o suficiente para se destacarem. Gosto das duas.

    AXEL FERREIRA, Obrigado pela participação, novamente, nesta iniciativa. É sempre um prazer. Relativamente à reflexão que aqui expões, é, como já é habitual da tua parte, sumarenta e, no mínimo, provocadora o quanto baste para nos pôr a reflectir. A mim, pelo menos, pôs-me. Ora, Coragem pode ser, de facto, um conceito difícil de definir ou até de existir (não será ele mesmo também não mais que uma tentativa de nomeação de um certo estado de espírito, de uma certa maneira de estar?), pelo que se percebo algumas razões que enuncias, acabo por não concordar ou não me rever noutras. Acima de tudo, e restringindo-me às escolhas, identifico-me plenamente, e ainda que por motivos deslocados, com Amour e Kitano - grande filme e grande cineasta, respectivamente.

    ANÓNIMO, Antes de mais, obrigado pelo comentário. Gostaria, no entanto, que à próxima se identificasse. De resto, perfeitamente de acordo. A coragem é também ela transversal às idades e às mentalidades, das pequenas superações de infância às constantes lutas e resignações da velhice.

    Cumprimentos,
    Jorge Teixeira
    Caminho Largo

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