19.3.13

My Neighbor Totoro (1988)

O Meu Vizinho Totoro (Tonari no Totoro), Hayao Miyazaki


Miyazaki tem-nos brindado, ao longo das últimas décadas, com autênticas obras-primas da animação, género que se situa um pouco à parte dos restantes, mas que é tão unificador e tão poderoso como qualquer um dos outros. Verdadeiros exemplos disso mesmo são os filmes do mestre japonês, que, à falta de melhores palavras, emanam um carisma e uma frescura por demais cativantes. O Meu Vizinho Totoro é um desses casos, porventura um dos mais caracterizados e singulares, e por isso, de um valor inestimável.

A história é simples, o enredo é infantil, mas conduzido com uma pureza e imprevisibilidade simultaneamente aguçantes e apetecíveis. Ás tantas porque nos vemos transportados inevitável e entusiasticamente para um mundo de fantasmas e de seres improváveis, fruto da imaginação das crianças protagonistas da trama, as quais inseridas num novo espaço e terreno se vêm a explorá-lo e a captá-lo sob um prisma só delas, e só alcançado por uma ingenuidade e capacidade embrionárias. Esta liberdade sem limites e sem barreiras da infância (fase privilegiada), leva à aventura e ao desbravamento de impossibilidades, de caminhos onde valores são apreendidos e são interiorizados, mais que não seja, pelo erro e pela frustração. Totoro é o ser material e imaterial de todo este imaginário de mistério e descoberta, e o pai (a família) em casa, no lar, é a consciência, é a responsabilidade do passado e do futuro enquanto projecções pessoais e profissionais. É também ainda o equilíbrio, a estabilidade necessária para a deposição e mastigação das aventuras exteriores.

Facilmente se depreenderá que as mensagens são muitas, são aliás uma marca do cineasta, que através delas transmite e analisa as fases e diversas vertentes do ser-humano, tão complexo e fascinante, ou no fundo, tão humano que simplesmente é. Nas linguagens, Miyazaki assume o desenho à mão, em belíssimos e fantásticos retratos, seja a explorá-los, seja a contemplá-los. Neste caso, mais na contemplação, visto estarmos perante um filme distinguível na sua carreira, tratando-se, sobretudo, de um exercício narrativo e imaginário, que propriamente visual e estilístico. No fim, constatamos de que assistimos a um filme verdadeiramente belo e único.


Jorge Teixeira
classificação: 9/10

2 comentários:

  1. Ah, mais um fã de Miyazaki. Totoro é daqueles filmes que nos apaixonam pela sua simplicidade, pelo seu bom-coração ou pelo bom-coração das suas personagens, pela ingenuidade, pela sua irrestibilidade.

    Roberto Simões
    CINEROAD
    cineroad.blogspot.com

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  2. ROBERTO SIMÕES, Inequivocamente, mais um fã de Miyazaki :). Simplicidade e ingenuidade são duas palavras que descrevem bem este filme. Uma delícia, para recorrer volta e meia.

    Cumprimentos,
    Jorge Teixeira
    Caminho Largo

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